_____ TEXTO CURATORIAL.
O conceito de comunidade na diáspora africana consiste no sincretismo e re-existência histórica na insubmissão ao colonialismo. Comunidade afrodescendente que tem como tradição ancestral a roda que conflui na convergência de suas multiplicidades e coexistências, na fabulação de sonhos especulativos que recuperam memórias do
passado, se atravessam no presente e culminam em futuros através de portais transtemporais. Em linhas do tempo que se atravessam subjetivamente, promovendo
justiça social.
Reconectar a real história da Arte, Ciência e Tecnologia como eixo fundamental na ancestralidade africana, afrodescendente e latino americana. Trata-se de reformular a narrativa do testemunho histórico ao explicitar o “epistemicídio” através da apropriação
e invisibilidade, o que questiona o universalismo abstrato ocidental.
Eis aqui questões para invadirem sua mente, na provocação do viés inconsciente da consciência cognitiva:
Artistas pretes(as-os), você conhece?
Cientistas pretes(as-os), você conhece?
Pretes(as-os) na tecnologia, você conhece?
Sempre estivemos aqui! E partindo do tempo presente – o aqui agora, somos Quilombo do Ciberespaço que não só se apropria de tecnologias digitais, arte e ciência, mas reconta as suas existências através de nossas presenças e buscas em nossas máquinas do tempo que promovem encruzilhadas de acesso ao passado, onde também nos encontramos na matemática, no Osso de Ishango, em Odu Ifá nosso criptograma de 0 e 1, Kitembo nosso tempo, no ferro de Ogum, em Nabta Playa, nos jogos de Mancala, na Pedra Roseta, nos Adinkras, na Kalunga, em Roxi Mikumbe, na descolonização da estética, na linguagem, em povos originários, na imensidão de nossa ancestralidade coexistente.
Que no agora, promove os portais da emancipação colaborativa para o amanhã, em construção contínua e se vocaliza na existência e presença viva da “periferização espraiada” cunhada pelo geógrafo Milton Santos, incorporados como a “Amerifricanidades” cunhada por Lélia Gonzalez e Quilombismo de Abdias do Nascimento, metadados de “autonomia de revolução cultural científica, tecnológica e artística”.
Somos o conceito de “Afrofuturalidades”, “juntas ou separadas, coexistindo e tendo como relação principal a produção de linhas temporais e multiversos. Em duas dimensões: na realidade e na ficção e na construção de futuros reais ou ficcionais.”.
SOMOS DIVERSES!
Somos o corpo e a voz que denunciam aprendizagem de máquina enviesada, a opressão algorítmica, a seletividade das ferramentas de visualização, nas redes sociais e ferramentas de busca, somos a prática que promove a democratização do acesso à instrumentação digital.
Somos o direito a sonhar, somos a crítica, a ruptura do nepotismo acadêmico, somos digital, somos autodidatismo, somos coletive, somos individualidades, somos a ficção projetada do wi-fi, @, hashtag, software, manipulação de pixel, escritas 3D, lanhouse, computadores, dispositivos móveis, autonomia digital, somos 3D, web 3.0, ficção sônica, sample, robótica, impressão 3D, LGPD, ciência de dados, somos movimentos especulativos, Blacceleration, redes sociais, vídeo digital, fotografia digital, memória, Afrofuturismo 2.0, pós-modernidade, blockchain.
Somos pretes, a real disruptiva do metaverso, somos os artistas pretes ausentes na semana de arte moderna de 1922, somos“UX” – “IU EKS” – “UH XIS” e somos bem para des além destas nomenclaturas também. SOMOS O PASSADO, O AGORA E O FUTURO VIVO, SOMOS ANCESTRALIDADE!
Texto curatorial por Zaika dos Santos
Oralitudes curatoriais: Diego Cerqueira, Fausto Vanin, Felipe Nunes, Kerolayne Kemblin, Lauro Gripa Neto, Lorran Dias, Lucas Lima, Nicole Pessoa, Pitter Rocha, Podeserdesligado, Thais Alvarenga, Vítor Del Rey, Vitor Milagres, Zadô, Zaika dos Santos.